Vivência dos Pontos Concretos de Esforço de uma Equipa em fim de Pilotagem

Estamos caminhando em casal e em Equipa. Durante a Pilotagem fomos integrados gradualmente no método do Movimento e no próprio Movimento em si. Foi-nos apresentada a mística do Movimento e fomos seduzidos pelo “caminhar acompanhados” no crescimento da espiritualidade conjugal e para a santificação do casal, pelo sacramento do Matrimónio.

 

Agora que vivemos o Encontro de Equipas Novas, prévio ao Compromisso da nossa Equipa, tivemos a oportunidade de refletir sobre a metodologia do Movimento, entre as quais a vivência dos Pontos Concretos de Esforço e no momento da Partilha na Reunião de Equipa.

 

Os Pontos Concretos de Esforço (PCE) sendo uma característica essencial do Movimento, foram-nos expostos como meios de viver o Evangelho, como instrumentos de conversão que pudessem despertar em nós determinadas atitudes interiores de vida pessoal e conjugal, com um objectivo: transformar a nossa vida para facilitar o verdadeiro encontro com o Senhor e para com o nosso próximo, na figura do nosso cônjuge, dos nossos filhos, da sociedade. Essas atitudes de vida constantes são essencialmente três: a) procura assídua da vontade de Deus para nós e para o mundo; b) procura da verdade sobre nós mesmos; c) vivência do Encontro de Comunhão com o Senhor e com os outros (através do diálogo e partilha dos dons e carismas).

 

Entender cada um dos seis PCE achamos que foi fácil… entendemos o que se pretendia com a Oração individual, com a Escuta da Palavra, com a Oração Conjugal, com o Dever de se Sentar, com o estabelecimento da Regra de vida, e com a participação num Retiro em casal. Talvez o mais difícil seria compreender e interiorizar que atitudes de vida, estão aqui implicadas neste desabrochar do crescimento espiritual individual, conjugal e de Equipa… e no esforço que isso implica.

 

Inicialmente, (e supomos que não seremos os únicos num “primeiro estádio de desenvolvimento” de Equipa), a nossa partilha limitava-se a um verdadeiro “check-list” de cada PCE. Em casal, olhávamos um para o outro e dizíamos: “sim, fizemos a Oração Conjugal algumas vezes, não fizemos o Dever de se Sentar este mês, ainda não definimos a Regra de Vida”… e resumia-se a partilha do cumprimento dos PCE de modo superficial, em escassos segundos por cada casal, minimizando este momento da Reunião. No entanto, ao longo dos meses, talvez porque esse tipo de partilha não fizesse mais sentido, procuramos perceber melhor em que consistia este momento da Reunião de Equipa. Chegámos à conclusão que será talvez um dos mais complexos e exigentes momentos da Reunião, mas também talvez aquele que nos poderá trazer um maior crescimento da espiritualidade conjugal e de Equipa no verdadeiro conhecimento e encontro com Deus e com o próximo.

 

A partilha dos PCE é o momento em que se partilham os progressos espirituais, as mudanças, as dificuldades, as vivências de cada um deles, cruzando-os com as atitudes de vida a desenvolver. Trata-se de uma caminhada conjunta, que implica esforço, ajuda mútua espiritual e um trilho de potencial conversão daquela pequena comunidade cristã. Cada casal deverá ser solidário com o crescimento espiritual dos restantes, pois se assumimos que dentro do casal, os cônjuges poderão ter diferentes estádios espirituais e cadências diferentes de crescimento, mais comum será na Equipa, os casais apresentarem diferentes ritmos e necessidades de desenvolvimento espiritual.

 

Na nossa partilha, deixamos gradualmente de ser superficiais e passamos a completar a nossa intervenção, dizendo as dificuldades que encontramos e as alegrias que tivemos ao vivenciarmos determinado PCE, assim como as formas e estratégias que usamos para conseguir cumprir, não numa perspectiva de vanglória, mas numa tentativa de ajudar o outro, de sermos sinal de esperança e testemunho para o outro (se nós conseguimos depois de tanto esforço, porque não vocês também!?). Não nos podemos esquecer da responsabilidade que Jesus no Sermão da Montanha nos delegou “Vós sois o sal da terra. (…) Vós sois a luz do mundo” (Mt5, 13a-14a).

 

Na partilha, Deus fala, olha, estimula, ajuda, corrige,… através dos membros da Equipa. Por isso, temos de assumir o nosso dever de santificação, não só dentro de cada casal, na figura de cada cônjuge, mas também dentro da Equipa. Trata-se da reanimação de cada casal dentro da Equipa, e nesse sentido, é importante comprometermo-nos um com os outros no crescimento pessoal de cada casal.

 

Além disso, é nosso dever, procurar em conjunto, as causas das nossas dificuldades e os meios de as remediar e de ajudar uns aos outros. Se um casal não consegue fazer o “Dever de se Sentar” à vários meses porque assume que não tem com quem deixar o bebé, porque não nos oferecermos para ficarmos 2-3h com o bebé num determinado dia, colaborando assim para o encontro conjugal e espiritual daquele casal?

 

Numa tentativa de nos ajudar a reflectir sobre a vivência ou não de cada PCE, passamos a fazer o registo escrito numa folha criada por nós, além do Pôr em Comum e do Tema em Estudo. Preparamos a partilha dos PCE em casal, antes da reunião (evitamos assim sermos superficiais e ajuda na avaliação conjugal do nosso esforço em vivenciarmos cada PCE, as atitudes de vida e as suas repercussões a nível individual, conjugal e familiar).

 

A partilha dos PCE, integrada na Reunião de Equipa, exige um clima de oração e escuta fraterna, de palavra e de gestos concretos. Também aqui sentimos uma evolução na nossa Equipa durante a Pilotagem, pois inicialmente, quando um casal se encontrava a partilhar, havia algumas conversas paralelas, mesmo que em “surdina”, ou verbalização de algum comentário ou brincadeira. Agora, estamos mais atentos à partilha do outro, procurando dar uma palavra de ânimo e perseverança e congratulando-se com a evolução dos mesmos.

 

O Casal Responsável com o auxílio do Conselheiro Espiritual, têm um papel importante em estimular a participação de todos, ao procurar com sensibilidade dar sentido ao cruzamento de cada um dos PCE, com as atitudes de vida a desenvolver. É talvez um dos caminhos que teremos de trilhar em Equipa ao longo dos tempos: além dos esforços que fizemos cumprindo os PCE, descobrir e partilhar as atitudes de vida que os mesmos despertaram em nós durante esse mês. Isto, sempre sob o olhar atento da Virgem Mãe, Senhora dos Lares.

 

Casal Martins, Sónia e Vítor (C.L.25 – Região Madeira

Equipas de Nossa Senhora