Homilia do Frei Bernardo Domingues, no funeral do Carlos Sousa Guedes
No Funeral do cristão coerente e operativo Carlos da C. L. de Sousa Guedes
Cristo Rei – 2011.8.12
Para esta “celebração de passagem” da vida provisória para a outra margem da vida plena e definitiva, esclarecidamente a Família, em sintonia, escolheu o texto da capítulo quinto de S. Mateus, porque o marido, o pai e o avô assumiu este texto das Bem-aventuranças como a “Regra de Vida”, como a expressão da ciência e arte de promover a felicidade do próprio e dos outros e sem desfalecer.
Como testemunhas estamos aqui, esta multidão que chora e canta, com saudade, gratidão e esperança.
Enquanto cidadão sempre se respeitou e promoveu o respeito pela entidade e identidade dos outros, segundo o respectivo estatuto, papel e função, procurando promover o bem comum, sem excluir ninguém.
Combinando fé, esperança e caridade operativas testemunhou, de forma discreta e eficaz, como está assinalado no conteúdo dos capítulos cinco e vinte e cinco de S. Mateus, procurando fazer o bem, bem feito a tempo e horas.
A fase da vida temporal, tempo de relativa liberdade e de responsabilidade, com alegrias, sucessos, desilusão e sofrimentos, é a oportunidade das opções pelo mérito ou culpa; mas é apenas uma “breve infância” na perspectiva da eternidade, com permanente novidade, na relação directa e integrada com Deus – Pai, Filho e Espírito Santo, com Maria e a inumerável multidão do Corpo místico de Cristo, dos que nos precederam como pessoas verdadeiras, honestas, competentes, solidárias promovendo a conversão e a fraternidade efectiva.
Desde a fase de militante e responsável da Acção Católica, desenvolveu atitudes de fé adulta e operativa, a partir de estratégia de tornar-se fermento da comunidade, aprendendo a “ ver com verdade”, “julgar com ponderação” e a discernir para “agir bem” e a tempo e horas, em vista dum mundo melhor e humanizado.
Desde o início da vida de casados, assumiu com a amada e inteligente Susana, a missão da fertilidade consciente e a educação esclarecida, adaptada a cada um dos oito filhos. E a prova da qualidade é testemunhada pela coerência e vivência profissional e cristã, de todos a cada um deles, diferentes e solidários.
É oportuno dar-lhes os parabéns pela autenticidade dos seus Pais que os estimularam para o bem e o respeito recíproco.
Cada um, com a sua graça e os respectivos cônjuges dão provas de respeito recíproco e vivendo na verdade e pelo voluntariado, como suplemento participativo na sociedade envolvente.
Tendo integrado a primeira Equipa de Casais de Nossa Senhora, tanto quanto os outros membros, foram o activo fermento do C.P.M. e da expansão do Movimento em Portugal e não só. Foi a “Porto um” a primeira equipa a ser reconhecida pelo Centro Director, situado em Paris. Dada a qualidade e o entusiasmo manifestado na vivência do carisma do Movimento, o casal Sousa Guedes foi escolhido como o primeiro responsável pelo Movimento em Portugal. E com ciência, consciência e dedicação liderante desenvolveram uma eficaz dinâmica de “oração, trabalho, estudo e difusão” de que todos somos testemunhas agradecidas.
Com inteligência, persistência, realismo, bom senso e fé operativa, tornaram-se modelos de eficácia discreta, tornando-se memória e profecia.
Em suma: quem efectivamente é bom e faz o bem não morre nas testemunhas que nós somos por isso somos gente de memória fiel e profecia esclarecida preparando o futuro, vivendo no presente com lucidez, empenhamento concreto e discreto na liderança familiar e a coragem de nunca desistirmos.
É isto que o Carlos nos propõe para examinar com ciência a consciência: donde vimos, onde estamos, para onde vamos e como é que Deus nos aprecia…
Amen e aleluia e com verdade rezemos pelo Carlos e com o Carlos, dando Graças a Deus! Continuando o que ele iniciou e desenvolveu; que a vida humana desde que se inicia “nunca mais acaba apenas se transforma”.
Frei Bernardo Domingues, O.P.