Ficamos mais pobres – Faleceu o Pe. João Paulo Ramos
Ficamos mais pobres… o Céu, esse, vai ficando mais rico com aqueles que o Senhor vai chamando para junto de Si, e já são tantos e tão grandes Amigos!
Esta terra, cheia de encanto e sabor, de sol e sal, que o P. João Paulo da Graça Ramos tanto amava, terra de Mar e Ria, de Moliceiros e Marinhas, viu partir o Homem e o Padre que lhe dedicou toda a sua vida servindo em vários campos do Ministério da Igreja, com paixão e entusiasmo.
Amava igualmente a sua terra natal – S. Salvador de Ílhavo – terra de homens do mar, e aí quis ser sepultado junto dos que lhe deram o ser – os seus Pais.
Foi lutador, exigente, por vezes polémico, defendendo com alma os ideais em que acreditava e pelos quais pugnava.
Padre de “coluna vertebral direita”, não se deixava vergar nem vencer pelas “correntes, ventos e marés”.
Padre alegre, bem-humorado, inteligente, eloquente, de fé e oração, de uma vida espiritual intensa.
Conhecemo-lo quando, em meados dos anos sessenta, chegamos a Aveiro, e com ele tivemos a sorte de privar de muito perto, em momentos de grande entusiasmo, mas também de dor e sofrimento.
A nossa amizade foi crescendo e foi constante. Eram frequentes as suas visitas a nossa casa, sempre motivo de alegria para nós e para os nossos filhos que aprenderam a estimá-lo e ouvir os seus conselhos. Quantas confidências e desabafos, Santo Deus!
Com ele fizemos o “Curso de Cristandade” (aquele rolho dos Sacramentos que nunca mais tinha fim!), o “Curso do Mundo Melhor” e com ele demos os primeiros passos no Movimento das Equipas de Nossa Senhora que há 53 anos o P. João Paulo trouxe para a sua “querida diocese” como nos relata em tantos escritos seus. Movimento a quem dedicou parte da sua vida dinamizando, informando, acompanhando com entusiasmo e exigência.
O Movimento em Aveiro falará sempre dele. Falar das ENS em Aveiro é falar do P. João Paulo. É falar desses “caminhos não andados que esperam por alguém”, caminhos em que foi “pioneiro” não se poupando a sacrifícios, ultrapassando sempre todas as dificuldades, e foram muitas, e até incompreensões, e foram algumas. Lutou muito para que a Espiritualidade Conjugal e Familiar fosse o caminho de santificação e felicidade para tantos casais.
Também a nossa Equipa, a Aveiro 6, lhe deve muito. Foi com a sua ajuda que, em Maio de 1968, em casa do querido casal Marnoto e com o saudoso P. Arménio, nos encontrámos para uma Reunião de Informação e, alguns meses depois, iniciava a Pilotagem. A sua ligação à nossa Equipa manteve-se ao longo dos anos e o seu contágio sempre nos animou e deu muita força. O Movimento dava resposta aos nossos projectos de casal, à procura da espiritualidade do “ser casado”, fortalecendo e santificando o nosso amor conjugal na vivência do Sacramento do Matrimónio.
Foi também, pela maneira apaixonada como falava do Carisma fundador do Movimento, que com ele aprendemos o amor do Serviço às ENS e às Famílias e nunca mais parámos.
As ENS em Aveiro ficaram mais pobres e estão de luto pela perda do seu grande impulsionador e defensor que o Senhor chamou para receber a “justa recompensa”.
O nosso obrigado, P. João Paulo, por esta “herança” maravilhosa que nos deixou que são as ENS, por esta riqueza que os casais e as famílias vivem, sentem e partilham.
O nosso obrigado pela amizade que nos dedicou, pela exigência dos seus princípios que também nortearam a nossa vida, pela partilha de experiências e pelo entusiasmo que nos incutiu. A nossa gratidão por tudo.
Que Nossa Senhora das Equipas o tenha sob o seu manto e, com Ela, cante eternamente o seu MAGNIFICAT.
Maria Idalina e Manuel Araújo