Évora recebeu o 3º Encontro Nacional de Leigos

 

 

VISTO DO ALENTEJO: III ENCONTRO NACIONAL DE LEIGOS:

“NÃO HÁ ESPAÇO PARA A INDIFERENÇA”

 

Concebido e realizado pela Conferência Nacional do Apostolado dos Leigos (CNAL), e estruturado em grupos de trabalho locais, nos quais, sobressaíram, pela sua dinâmica, a participação das ENS – Sector Évora e CR da Região Alentejo-Algarve, teve lugar o III ENL sob o lema “Nada Nos é Indiferente Entre a Terra e o Céu” que congregou mais de 700 participantes oriundos de diversas regiões do país e que tiveram a oportunidade de interagir com experiências de combate à indiferença na Amazónia, Bagdad, Peru e Nova Iorque.

 

Ao longo de um dia, distribuídos em simultâneo por quatro auditórios no Centro Histórico de Évora, os participantes puderam ouvir 32 comunicações de multifacetados especialistas que norteados entre a Laudato Si e a bula do Jubileu do Ano da Misericórdia, vivenciaram experiências tão diversas como intensas, como cuidar da terra-desenvolver uma ecologia integral; procurar o céu-cultivar o oásis da misericórdia, a ecologia humana, cultural, familiar, ambiental, económica e social e ou peregrinação do mistério, do ser humano, reconciliação e perdão, acolhimento nas periferias.

 

Especialmente comovente e interpelante foi, no painel internacional e na parte da manhã, a intervenção de Pascale Warda, atual Presidente da ONGD-Organização Hammurabi de Direitos Humanos, investigadora e antiga ministra das Migrações no Governo Provisório do Iraque nos anos de 2004-2005 que, após forte denúncia da violência e morte na região do Iraque, reivindicou da ONU a declaração como “genocídio” e seu julgamento em Tribunal Especial, a perseguição e assassinato de minorias religiosas que o Daesh (EI) vem perpetrando naquela zona do mundo. Já Luís Ventura Fernandez, coordenador da Rede  Eclesial da Pan-Amazónia, falou da nossa Casa Comum, criação e a terra “Ouvir o clamor da terra e o clamor dos povos”. Defendendo que “a Terra não é um armazém”, desafiou os presentes a uma “profunda conversão ecológica”, já que todos “nós também somos terra”. Por último, Joseph Campo, proveniente de Nova Iorque, CEO da Grassroots  Films e da Casa de S. Francisco na região de Brooklyn e que teve a precedê-lo a exibição, em duas sessões, do seu premiado documentário “The Human Experience”, refletiu sobre os sem-abrigo, os pobres e famintos de contacto humano, das grandes cidades do continente americano, particularmente de Nova Iorque, dos meninos abandonados e excluídos em Lima (Peru), dos leprosos no Gana e que na realidade são vários mundos que se interlaçam e se tocam nas maravilhas criadas por Deus e no inferno determinado pelo livre arbítrio dos homens.

 

Enfim, são relatos de profunda humanidade, de quem vive a vida até ao fim, em contextos culturais, políticos e sociais distintos, de uma grande proximidade com Deus, como sintetizou a presidente da CNAL, Alexandra Viana Lopes, aliás, ela própria, também, especial credora do sucesso deste evento.

 

Pudemos contar com a presença de muitos equipistas, particularmente do CR Supra Região Portugal, Margarida e João Paulo Mendes, do CR da Província Sul, Fátima e António Carioca e do CR da Região de Lisboa 2, Nelita e Nuno Pires, entre muitos outros. Foi também aqui, pelas suas presenças, um renovado encorajamento e sentido de unidade.

 

Estamos gratos à CNAL e à Supra Região Portugal pelo privilégio e pela oportunidade que nos deram de, ativamente, termos participado nesta extraordinária aventura e experiência. Foram momentos únicos, mesmo mágicos: de interação, de comunhão entre distintos movimentos (desde CVX, CNE, AO, Movimento dos Focolares, etc.) que, na sua diversidade e pluralidade, se mantiveram focados num único objetivo: contribuir, com a realização deste evento, em ordem a uma maior sensibilização de todos os cidadãos em geral e cristãos em particular para a defesa dos direitos fundamentais do ser humano, particularmente do direito à vida, e da urgente necessidade, de em cadeia, cuidarmos da nossa casa comum, o planeta Terra.

 

Em linha com as orientações da Supra Região Portugal, as ENS na Região Alentejo-Algarve (RAA) assumem a Igreja como um ente que vive e respira unidade e comunhão em todas as suas expressões, desde a equipa base, à interligação e diálogo caridoso com os nossos irmãos, seja de outros movimentos, de outras igrejas e ou das estruturas diocesanas, já que entre a Terra e o Céu está o ser humano e este não nos é, não nos pode ser NUNCA, indiferente.

 

Paula e Jorge Mateus

Casal Responsável da Região Alentejo e Algarve

 

 

 

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TESTEMUNHO SOBRE A PARTICIPAÇÃO NO 3º ENCONTRO NACIONAL DE LEIGOS

 

“NADA NOS É INDIFERENTE ENTRE A TERRA E O CÉU” foi o mote do 3º Encontro Nacional de Leigos organizado pela Conferência Nacional de Apostolado dos Leigos (CNAL) em Évora, no dia 7 de maio de 2016, onde participámos pela primeira vez. Fomos motivados pelo desafio de um casal das ENS que estava na organização, o aliciante programa e a necessidade de “formar e cuidar da alma”, tal como fazemos noutras áreas do nosso conhecimento.

 

A experiência da participação foi marcante. Marcante pelo lugar (Igreja de São Francisco, recentemente restaurada), onde tudo falava de história e testemunhava a presença de Deus ao longo dos séculos. Pela arte da pintura, da escultura e da música ao vivo, facilmente o nosso espírito se elevou ao Céu fazendo-nos esquecer as rotinas e os cansaços que muitas vezes aprisionam a nossa liberdade de Filhos de Deus. A mensagem enviada pelo Papa e lida por D. Rino Passigato, núncio apostólico em Lisboa, foi a força que bastou para derrubar a inércia que muitas vezes envolve a nossa alma. Esta mensagem apelava à sensibilização do espírito da encíclica Laudato Sí, convidando todos a defender e cuidar da casa comum que é a terra.

 

À luz da encíclica e inseridos no ano da misericórdia, sentimos o quanto Deus, pela voz humana, não se cansa de apelar ao Amor. Amor que tudo transforma, amor que tudo será capaz de fazer, se tiver como colaboradores o próprio homem revestido da ”Grande Humanidade “que mais não é senão o próprio Deus de Amor. Escutámos Luís Ventura Fernández a falar do tema “Ouvir o clamor da Terra e o clamor dos Povos: um olhar a partir da Amazónia”, partilhando a sua experiência de nove anos de voluntariado a trabalhar como missionário da Consolata no Brasil. Seguiu-se outra marcante vivência partilhada sob o tema “Encontrar sentido para a vida e libertar da pobreza: uma experiência na cidade de Nova Iorque” por Joseph Campo, que abandonou uma carreira de sucesso para tentar tirar da rua e dignificar a vida de quem não tem casa. Por último e não menos desinquietante foi o testemunho de Pascale Warda, que vive em Bagdad e preside a organizações de defesa dos direitos humanos / direito das mulheres, abordando o tema “Proteger os nossos irmãos perseguidos: um testemunho na guerra e no genocídio do Iraque”.

 

Deixarmo-nos embeber pela corajosa criatividade, sensibilidade e simplicidade da vida testemunhada destes homens e mulheres que transformaram a rotina do seu dia-a-dia num caminho de doação e santidade, fez-nos sentir a presença de Deus “no aqui e no agora”, trabalhando com o coração humano, transformando-o numa entrega incondicional aos outros. Deste encontro, saímos revigorados, comprometidos e mais responsabilizados pelo testemunho que somos chamados a dar no local onde estamos, com as pessoas com quem vivemos e com quem nos cruzamos no nosso dia-a-dia.

 

Parar é obrigatório para sentir a presença de Deus, conhecer a Sua vontade para conjuntamente trabalhar em missão. Responder ao Seu apelo, é abrir-se à participação destes encontros de formação que nos apontam caminhos trilhados por leigos e nos fazem descobrir na sua presença de vida um pouco do Céu na terra ou o mesmo será dizer um pouco de terra a tocar o Céu.

 

A parte da tarde foi preenchida com 8 ateliers, com possibilidade de participar em 2, uma vez que se realizavam em simultâneo. A limitação do tempo foi sem dúvida a causa de não os podermos abraçar a todos como muito apetecia. Resumidamente foram analisados dentro do tema ”Cuidar a Terra – desenvolver uma ecologia integral” 4 ateliers: Ecologia Humana, Ecologia Familiar, Ecologia ambiental, económica e social e Ecologia cultural, sendo o outro tema, “Procurar o Céu cultivar Oásis de Misericórdia”, abordado em outros 4 ateliers: Contemplação do Mistério, Peregrinação do Ser Humano, Reconciliação e Perdão e Acolhimento nas periferias.

 

As palavras valem pouco quando não têm obras e este encontro foi todo ele construído com obras de mãos humanas que na fé e pela fé vivem em Jesus Cristo. Todos somos únicos, todos somos diferentes mas todos somos chamados a pôr ao serviço dos outros os dons que temos e gratuitamente recebemos. A misericórdia do Senhor permite sempre recomeçar, permite sempre embeber da fonte que lava as máscaras da nossa insensibilidade e nos faz abrir o coração pela força do Amor.

 

Foi uma graça participar neste encontro. Foi uma graça ter “alguém” a chamar-nos a participar. Será sempre uma graça voltar a participar. Fica o desafio… para quem se deixar tocar a fazer a experiência de na terra chegar ao Céu. Como cristãos nada nos pode fazer indiferentes, tudo temos de fazer para deixar cantar o Amor.

 

Que belo dia!

 

Nelita e Nuno Rebordão Pires

Casal Responsável da Região Lisboa 2

Equipas de Nossa Senhora